terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: Temple Beautiful


Chuck Prophet não é nenhum neófito. Sua carreira já conta com mais de dez discos e, pelo demonstrado em Temple Beautiful, o moço continua acelerando os motores.

Ouvi Prophet pela primeira vez em uma coletânea da revista inglesa Uncut, em que se homenageava o som dos Rolling Stones na década de 1970. Nada mais adequado. Prophet extrai o melhor do rock de garagem, do blues e do country que fizeram dos Stones uma verdadeira lenda.

Neste seu mais recente trabalho, Chuck faz uma homenagem despretensiosa à cidade de São Francisco, na Califórnia.

Como o próprio artista declarou, é um disco feito em São Francisco por “sanfranciscanos” sobre São Francisco.

Todas as faixas são excelentes, mas destaco a ótima canção-título (a respeito de um clube de punk rock que congregava vários músicos da Bay Área), Castro Halloween e White Night Big City, esta última uma referência aos assassinatos do ativista gay Harvey Milk e do prefeito George Moscone pelo vereador Dan White.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: Celebration Rock


Você sabe que está ficando velho quando começa a ouvir mais Phil Collins que The Clash.

Mas vez ou outra aparece uma porrada sonora que nos transporta imediatamente aos nossos 20 e poucos anos, quando barulho e raiva eram o que mais importava em uma banda.

O Japandroids é um duo formado na cidade de Vancouver, no Canadá, e Celebration Rock é seu segundo disco.

Pouca coisa mudou de 2009 para cá, quando lançaram Post Nothing. Cada canção dos integrantes Brian King e David Prowse – guitarra, bateria e vocais arrancados do fundo do peito – parece ter sido gravada como se fosse a última coisa feita antes do fim do mundo.

A ótima faixa de abertura, The Nights Of Wine And Roses, dá a tônica do disco: cheia de energia e intensidade, parece um trovão a anunciar a tempestade.

Não é som para quem gosta de bandinhas doces e sorridentes. O Japandroids faz punk rock hoje como se 1977 nunca houvesse acabado.

domingo, 16 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: My Head Is An Animal


Uma das mais inesperadas histórias de sucesso de 2012, a rápida ascensão do álbum My Head Is an Animal colocou em evidência a banda islandesa Of Monsters And Men, formada por seis integrantes e tendo à frente a vocalista Nanna Bryndis.

Embora numa primeira audição a gente ache o grupo perigosamente próximo do som do Arcade Fire (onde acaba a homenagem e começa a simples cópia?), aos poucos a beleza das composições vai ganhando força própria ao mesmo tempo em que as canções parecem hipnotizar. 

Recheado de alegorias, imagens surreais e delicadas orquestrações, My Head Is an animal é um disco para se amar ou odiar. Aparentemente, a primeira opção tem sido a mais escolhida.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: Celebration Day


Como tudo na história do Led Zeppelin, este último concerto reunindo os três membros originais mais o filho do grande John Bonhan, Jason, já virou mito. 

O grupo poderia ter seguido em frente e engrossado a fileira de bandas que vivem do grande circuito da nostalgia (que aumenta exponencialmente a conta bancária de bandas como Kiss, Rolling Stones e The Who), mas, graças à recusa de Robert Plant, restringiu sua tão esperada volta a um único show, realizado em dezembro de 2007, em Londres.

O pretexto era homenagear o falecido fundador da mítica gravadora Atlantic Records, Ahmet Artegun.

Certamente, para a platéia, isso era o que menos importava. Fico imaginando o delírio de se ouvir, após tantos anos de ausência, o melhor grupo de rock de todos os tempos tocando ao vivo seus grandes clássicos como se nunca tivesse parado de fazê-lo.

A química e a magia permanecem intactas. John Paul Jones e Jimmy Page são irretocáveis e Jason Bonhan honra dignamente a memória de seu pai (para mim e milhões de admiradores, o melhor baterista que já pisou neste mundo). Quanto a Robert Plant, é óbvio que sua voz não é a mesma de sua época áurea, mas ele não precisava se preocupar tanto. Vê-lo durante mais de duas horas levando canções eternas como Kashmir, Whole Lotta Love e Black Dog compensa qualquer falha que o tempo possa ter imprimido a suas cordas vocais. Um registro inestimável.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: A Thing Called Divine Fits


Uma das características do rock feito na última década é o intenso intercâmbio entre músicos. Isso gera uma produtividade altíssima e, entre erros e acertos, discos bastante interessantes. 

É o caso deste A Thing Called Divine Fits, do Divine Fits. O cerne do grupo é formado por Brit Daniel, vocalista e principal compositor do Spoon, e Dan Boeckner, que já esteve à frente do Hansome Furs e do Wolf Parade.

Juntos eles alternam vocais e a autoria das ótimas canções dessa estréia do duo. Perfeito para quem curte rock com uma pegada menos óbvia.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: Love This Giant


O Talking Heads foi uma das melhores bandas americanas surgidas no boom do pós-punk do final dos anos 1970. Gravaram discos históricos, flertaram com música africana, caribenha e brasileira, abriram os ouvidos de milhares de fãs para novas sonoridades e fizeram música vanguardista sem tirar o olho da pista de dança. 

Era de se esperar que, em sua carreira solo, o vocalista David Byrne levasse adiante essa busca pelo novo e o inesperado. O que aconteceu em parte.

Byrne continua um ávido pesquisador musical. O que mudou foi o mundo. Hoje em dia, nada mais é 100% novidade neste planeta interligado em que vivemos. O que não impede nosso aventureiro de buscar proximidade com artistas novos e instigantes. 

Love This Giant é fruto de uma colaboração de verdade. Das 12 canções do disco, 10 foram feitas por Byrne e Annie Clark, a artista por trás do nome St. Vincent, e as duas restantes são composições individuais. Curiosamente, o estilo de Clark é o que sobressai. Mas o mix de duas vozes muito particulares rende momentos inspiradíssimos.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

Melhores de 2012: Locked Down


2012 foi um grande ano para os veteranos do rock: Dylan lançou mais um bom disco, Tempest, o sempre produtivo Neil Young adicionou mais dois trabalhos à sua longa discografia e a eterna musa do punk rock, Patti Smith, voltou com suas tradicionais saladas de poesia e rock em Banga.

Mas, para mim, o melhor do revival dos dinossauros foi o retorno do lendário Mac Rabennack, mais conhecido como Dr. John.

Ativo desde a década de 1950, Rabennack tem uma trajetória acidentada, porém pontuada por discos brilhantes – Gris Gris, de 1968, é frequentemente apontado como sua obra-prima – e por sua excelência como pianista. 

Nascido em New Orleans, o músico incorpora como poucos o caldeirão sonoro de sua cidade natal e passeia com desenvoltura por gêneros como funk, soul, jazz e rock.

Locked Down é produzido por Dan Auerback, guitarrista e vocalista do Black Keys, e faz jus ao rico passado musical de Rabennack, ao mesmo tempo em que explora novos territórios sonoros. Um disco que incorpora o novo e o tradicional de maneira preciosa.