segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Tago Mago

De todos os estilos surgidos nos efervescentes anos 1970, o chamado Krautrock foi um dos mais interessantes. 

Basicamente um amálgama de tudo que rolava de mais criativo e experimental na Alemanha, a partir do final dos 60, o Krautrock é usado para classificar bandas tão diferentes entre si como o Kraftwerk e o Amon Düll. Em comum, todas elas possuíam um imenso desejo de fazer música moderna, livre das amarras sócio-culturais da Alemanha do pós-guerra. 

O Can é o meu preferido entre esses grupos. Sobretudo quando contava com o vocalista Damo Suzuki, um anti-cantor que costurava as viagens sonoras de seus companheiros com gemidos, sussuros, gritos e tudo mais que lhe passasse pela cabeça. Fico pensando se o cara chegava a escrever uma letra antes de ir para o estúdio ou se inventava tudo na hora, tamanha é a sensação de improvisação de suas performances. 

Tago Mago é o disco síntese da fase inicial do grupo, antes de Suzuki se tornar testemunha de Jeová e abandonar o mundo da música. Não é um disco fácil, principalmente no que era originalmente o segundo vinil. Há horas em que parecemos mergulhados numa trilha sonora de filme de horror, com os gritos de Suzuki nos remetendo a uma sessão de magia negra. As canções são longuíssimas, algumas beirando os 20 minutos. É música realmente de outra estratosfera, feita por pessoas envolvidas no que havia de mais arrojado e vanguardista na época. 

Não à toa, o Can influenciaria toda a geração punk e pós punk que despontaria alguns anos após o lançamento desse disco estranhamente belo e hermético.

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