De todos os estilos surgidos nos efervescentes anos 1970, o
chamado Krautrock foi um dos mais interessantes.
Basicamente um amálgama de
tudo que rolava de mais criativo e experimental na Alemanha, a partir do final
dos 60, o Krautrock é usado para classificar bandas tão diferentes entre si
como o Kraftwerk e o Amon Düll. Em comum, todas elas possuíam um imenso desejo
de fazer música moderna, livre das amarras sócio-culturais da Alemanha do pós-guerra.
O Can é o meu preferido entre esses grupos. Sobretudo quando contava com o
vocalista Damo Suzuki, um anti-cantor que costurava as viagens sonoras de seus
companheiros com gemidos, sussuros, gritos e tudo mais que lhe passasse pela cabeça.
Fico pensando se o cara chegava a escrever uma letra antes de ir para o estúdio
ou se inventava tudo na hora, tamanha é a sensação de improvisação de suas
performances.
Tago Mago é o disco síntese da fase inicial do grupo, antes de Suzuki
se tornar testemunha de Jeová e abandonar o mundo da música. Não é um disco fácil,
principalmente no que era originalmente o segundo vinil. Há horas em que
parecemos mergulhados numa trilha sonora de filme de horror, com os gritos de
Suzuki nos remetendo a uma sessão de magia negra. As canções são longuíssimas,
algumas beirando os 20 minutos. É música realmente de outra estratosfera, feita
por pessoas envolvidas no que havia de mais arrojado e vanguardista na época.
Não à toa, o Can influenciaria toda a geração punk e pós
punk que despontaria alguns anos após o lançamento desse disco estranhamente
belo e hermético.
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