Acho bobagem se falar em arte gay. Ninguém ressalta a
heterossexualidade quando vai falar de um disco, por exemplo, do Allman
Brothers.
Mas não há como negar a identificação entre determinados artistas e a
comunidade gay (outro conceito muito aberto, eu sei).
Tome-se o caso de Liza
Minnelli. Só por ser
filha de Judy Garland, um ícone para gays americanos desde a década de 1940,
Liza já teria o carinho e a simpatia de muita gente.
Mas ela fez seu próprio
caminho artístico, brilhou nas telas e nos palcos da Broadway e gravou discos
que se inscreveram para sempre no imaginário gay.
Results é um marco dos anos 1980 e apresentou Liza para uma
geração de novos fãs. Produzido por Neil Tennant e Chris Lowe, mais conhecidos
como Pet Shop Boys, o disco é um luxo só.
Musicalmente, é um produto típico do
electropop da época (de bandas como Human League, Depeche Mode e os próprios
Pet Shop Boys). O grande diferencial está realmente na voz aveludada e sensual
de LM.
Ela dá novas cores para canções alheias – Twist In My Sobriety de Tanita Tikaran e Rent do Pet Shop –, traz a certeira
dose de melodrama em
Tonight Is Forever
e I Want You Now e ainda perpetra dois clássicos para
as pistas de dança, Losing My Mind
e Love Pains.
Tudo é realmente de
primeira, mas a grande verdade é que qualquer canção vira um deleite nas mãos -
ou cordas vocais – da diva de Cabaré.
Uma pena que ela não tenha seguido
em frente na parceria com músicos e admiradores mais jovens.