Horses
Há 30 anos, a Sony colocava no mercado os primeiros CDs para
venda direta ao consumidor. O objeto de plástico brilhante foi alvo ao longo
desses trinta anos de furiosas reações por parte de puristas, mas acabou se
estabelecendo como a mídia principal de comercialização de música. Em seu período
áureo, o CD chegou à assustadora soma de quase um bilhão de unidades vendidas
em todo o mundo.
Comprei meu primeiro CD player em 1994 e me lembro até hoje
da minha primeira aquisição. Existia aqui em Brasília uma rede de lojas chamada
Cash Box e uma delas ficava bem próxima do meu trabalho.
Foi lá que comprei Horses,
da Patti Smith, Dirty, do Sonic
Youth, Kiss This, do Sex Pistols e
Us, do Peter Gabriel, todos no
mesmo dia. O preço do CD ainda era relativamente alto e os discos de vinil
ainda eram produzidos regularmente. Em pouco menos de um ano, eles,
literalmente, desapareceriam das prateleiras e o CD passaria a ser a única opção
para se ouvir música nova (pelo menos aqui no Brasil. Na Europa e nos Estados
Unidos a produção de vinil nunca foi totalmente abandonada).
É curioso observar
que, nestes trinta anos, o CD cumpriu um ciclo rápido de apogeu e decadência. É
curioso pensar também que o vinil, que muitos deram por morto e enterrado, seja
hoje visto como a única possível salvação para colecionadores e aficionados. O
futuro é incerto, sem dúvida. Não vejo, entretanto, como desaparecer por
completo o meio físico. Sempre existirá gente que necessita do objeto, do
contato físico com a obra. É a mesma sombra que paira sobre o livro de papel,
gradativamente substituído por leitores digitais cada vez mais sofisticados.
O fato é que aqueles quatro discos que inauguram minha coleção
de bolachinhas prateadas continuam passando, vez ou outra, pelo meu aparelho de
som. Acho o mesmo difícil para quem adquire ou baixa um disco digitalmente. Fico
pensando até se essas pessoas se lembram do que ouviram no dia anterior.
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